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8.6.06

Uma visão integral do conflito


A saúde nas relações familiares não é medida através da ausência de problemas ou de conflitos. Ao longo do ciclo de vida da família, existem muitos estressores, basicamente de dois tipos (Carter e McGoldrick, 1995):

1. Estressores verticais --> padrões de relacionamento e funcionamento que são transmitidos para as gerações seguintes. Inclui atitudes, mitos, tabus, expectativas, rótulos, segredos e questões opressivas familiares.

2. Estressores horizontais --> ansiedades produzidas na família conforme ela avança no tempo. Podem ser de dois tipos:
  • Desenvolvimentais: dizem respeito às transições do ciclo de vida familiar (às diversas fases pelas quais uma família pode passar, como por exemplo, o novo casal, as famílias com filhos pequenos, as famílias com filhos adolescentes, o “ninho vazio”, o envelhecimento, o divórcio, o recasamento, etc).
  • Impredizíveis: relacionados a fatos inesperados, como morte precoce, doença crônica, acidente.
Além desses estressores, não se pode deixar de considerar o impacto do contexto social, econômico, político e cultural sobre a família. Assim, como destaca Walsh (2002, p. 20), “as variações inesperadas na rotina, as crises e as eventuais responsabilidades que se somam exigem flexibilidade e tolerância para o caos que ocasionalmente pode se produzir”.
Mas nem sempre essa “flexibilidade” e “tolerância” são metas fáceis de serem alcançadas, de forma que muitas vezes os membros integrantes das famílias se vêem obrigados a buscar ajuda profissional, seja na área psicológica, seja na jurídica. Conhecer um pouco das vicissitudes dos conflitos familiares é uma forma de os profissionais conseguirem compreender melhor o seu papel frente à(s) pessoa(s) em conflito(s) em busca de uma pequena luz no fim do túnel – que, como todo túnel, possui uma penumbra apenas passageira.
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Referências
CARTER, Betty; MCGOLDRICK, Mônica. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
WALSH, Froma. Casais saudáveis e casais disfuncionais: qual a diferença? In: Andolfi, M. (org.). A crise do casal: uma perspectiva sistêmico-relacional. Porto Alegre: Artmed, 2002, p. 13-28.

* Paisagem fotografada por Lisiane L. K.

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